1.3.11

"Palavras apenas, palavras pequenas, palavras momentos, palavras..."


Quando adolescente tinha um delicioso passatempo:
descobria as palavras presas no dicionário,
sua métrica, suas formas, seu desenho, seu sentido,
e fazia de seus destinos "liberdade"
as palavras jorravam em todos os lugares.
E exibia o fruto do meu brinquedo,
enquanto todas as outras meninas
com suas maquiagens e paixonites se divertiam,
me entretinha com minhas mono-di-tri-polissílabas amigas.
 Foi então que aprendi a libertar as palavras
e guardá-las pra mim.
Uma liberdade condicional...
são os textos que crio,
deixo minhas companheiras livres buscarem o mundo,
mas ao alcance de minha vista pra aquietar o coração.
Houve um mestre, um "amigo da sabedoria" que afirmou:
"Penso, logo existo".
Pois bem, com licença poética permita-me a releitura:
Escrevo, logo existo".
Tirem-me tudo:
o nome, os amores, o vinho, o pão, o chão...
e continuarei indigente, amargo, sóbrio, faminto, bastardo..., mas continuarei.
Só me deixe as palavras,
amigas, companheiras e construtoras do meu viver.

Luna Pla♀ha

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