22.3.11


As rosas do asfalto que plantei pra enfeitar este altar particular.
Não são rosas, amarelas.
Como uma felicidade entristecida cheia de migalhas pra idolatrar.
De cima do pedestal o mundo é pequeno,
Em meio a tantas cabeças, tantas orelhas, tantas nucas -  sou só mais uma
Os olhos se perdem pra não encontrar as verdades estampadas na iris.
Me perco num mundo mesquinho.
De que tamanho sou?
Que altura, que largura, que extensão posso ter?
Quem melhor pode responder?
Um espelho? Uma balança? Uma fita?
O mundo é pequeno e medido com métodos esquisitos
Sou maior que o mundo que vejo,
o céu é a medida do impossível.
Tudo que é grandioso tem que ser infinito.



Luna Pla♀ha

16.3.11

Andarilho


No piloto automático
Controle pra quê?
Pra falar de saudade
pensei em você.
O mundo segue girando,
e há um ditado que diz:
"De rotação em rotação
uma translação se faz"
Não! Não há
Acabo de criar.
O mundo dança!
Numa valsa conheci você.
Mas é no tango que somos perfeitos.

Luna Pla♀ha

14.3.11

Azul


Difícil esquecer do Azul quando se contempla o mar.
Acredito nas flores, nas folhas, no concreto, na madeira.
Difícil mesmo é crer no amor.
O ceticismo me ganha, me tenta, me atormenta.
Meu mundo plural quase sempre singular.
Não, não é amor...
é ausência, carência, presença,
busca por espaço, casa, toca, lar.
Há um dissabor por não esquecer a cor do mar...
Será possível uma noite, qualquer noite, bela noite
me ganhar?
Amor não é!
É coisa qualquer entre o inferno e o abismo,
é qualquer coisa entre o deleite e o sorriso.
Um homem vestindo um menino.
Humor sem falta,
lembranças que me tiram o sorriso.
O mar deslumbrante de que cor é?
O esquecimento me atira a seus pés.
E amo um amor que não é, que se foi e que nunca será.

Luna Pla♀ha

8.3.11

lɐʌɐuɹɐɔ

ɯıssɐ ɯɐɹɐxıǝp ǝɯ ɐıloɟ ǝp sɐıp so
ɐɔǝqɐɔ ɐʇuod ǝp
ɹɐ oɹd sɐuɹǝd ǝp
ɐɔɐssǝɹ ǝʌǝl ɐɯnu ɐpıʌloʌuǝ ɐpuıɐ
˙˙˙ɐʇ 'ɐʇuǝl 'ɐʇuǝlouos
ıɔǝnbsǝ ɐɾ ɐuıqɯoloɔ ɐ ǝ oɹɹǝıd o ǝ


ɐɥ♀ɐld ɐunl

1.3.11

"Palavras apenas, palavras pequenas, palavras momentos, palavras..."


Quando adolescente tinha um delicioso passatempo:
descobria as palavras presas no dicionário,
sua métrica, suas formas, seu desenho, seu sentido,
e fazia de seus destinos "liberdade"
as palavras jorravam em todos os lugares.
E exibia o fruto do meu brinquedo,
enquanto todas as outras meninas
com suas maquiagens e paixonites se divertiam,
me entretinha com minhas mono-di-tri-polissílabas amigas.
 Foi então que aprendi a libertar as palavras
e guardá-las pra mim.
Uma liberdade condicional...
são os textos que crio,
deixo minhas companheiras livres buscarem o mundo,
mas ao alcance de minha vista pra aquietar o coração.
Houve um mestre, um "amigo da sabedoria" que afirmou:
"Penso, logo existo".
Pois bem, com licença poética permita-me a releitura:
Escrevo, logo existo".
Tirem-me tudo:
o nome, os amores, o vinho, o pão, o chão...
e continuarei indigente, amargo, sóbrio, faminto, bastardo..., mas continuarei.
Só me deixe as palavras,
amigas, companheiras e construtoras do meu viver.

Luna Pla♀ha