24.2.11

Límbico

















Assim eu te penso,
com cerebelo, córtex, tronco e lobos
Assim eu te gosto,
com válvula, músculo e aorta

Apaixonada pela vida, é assim que sou
Uma nômade, viajante, de saída, é minha condição amor.
De passagem, numa dessas viagens, teus olhos me encantou.
Parei a beira mar, deixei tudo, fui viver do teu calor.

...e é fácil medir a minha pulsação
tão fácil saber que meu corpo sofre uma reação
o difícil é entender o que acontece com meu coração,
quando estou nos seus braços, no seu peito, nas suas mãos.

Como colibri cativo libertado,
sinto todos os perfumes, vôo todo o universo,
e volto sempre pra mesma flor, pro mesmo abraço.
No meu futuro apenas a certeza do incerto.


Assim eu te vejo,
com córnea, íris, retina, pupila e cristalino
Assim eu te gosto,
com veia, átrio, ventrículo, artéria e coronária




















Luna Pla♀ha

17.2.11

Cronos

Por vezes neguei a realidade do tempo
O tempo que é presente no presente, foi futuro no passado, e é passado no futuro, me prende nesse regresso infinito que leva a irrealidade. O tempo não existe!
Traço riscos no nada, uma linha que foi, é e será. Conceitos, meros conceitos, mas apenas conceitos.
Minha cabeça pensante que um dia não há mais de pensar despreza as horas, os dias, os anos. Acho tolice as medidas que criamos, as prisões invisíveis que nos propomos.
Mas meu corpo, com seus hormonios enfurecidos tem uma pressa indomável.
Ser Jovem é díficil!
Minha mente e corpo vivem (real)idades distintas.
O que mais gosto na meia idade é a ausência do tempo. Estranho determinar um tempo pra falar da ausência dele. Quem vive essa fase (em geral) está sem pressa. Teve todas as experiências mal curtidas, mal vividas na juventude justamente pela pressa. Sem qualidade, só quantidade. E agora com mais idade vive para o verdadeiro prazer. Vive para viver.
Ah, como queria a obediência do corpo. Como queria saber procurar e vivenciar as melhores experiências, com calma, sem pressa.
Ser jovem é difícil, vou continuando meu caminho prisioneira de meu viço.

Luna Pla♀ha

16.2.11

Água e Sal

 
"Eu não quero ver você cuspindo ódio
Eu não quero ver você fumando ópio, pra sarar a dor
Eu não quero ver você chorar veneno
Não quero beber o teu café pequeno
Eu não quero isso seja lá o que isso for
Eu não quero aquele
Eu não quero aquilo
Peixe na boca do crocodilo
Braço da Vênus de Milo acenando tchau
Não quero medir a altura do tombo
Nem passar agosto esperando setembro, se bem me lembro
O melhor futuro: este hoje escuro
O maior desejo da boca é o beijo
Eu não quero ter o Tejo escorrendo das mãos
Quero a Guanabara, quero o Rio Nilo
Quero tudo ter, estrela, flor, estilo
Tua língua em meu mamilo água e sal
Nada tenho vez em quando tudo
Tudo quero mais ou menos quanto
Vida vida, noves fora, zero
Quero viver, quero ouvir, quero ver
(Se é assim quero sim, acho que vim pra te ver)"


Bandeira - Zeca Baleiro
 

E hoje só queria um pedacinho seu...

Luna Pla♀ha

8.2.11

Solitatis


Ah Saudade!
Uma trissílaba toda linda, toda bela.
Doce meretriz na boca do poeta.
Amarga donzela no coração do apaixonado.
Palavra sonora, de grande confusão
Palavra distinta, sem tradução.
Amo a saudade,
porque não deixo só a solidão.

Luna Pla♀ha

6.2.11

Meus vícios

                Minhas fases...
                    Minhas épocas...
                                    estranho,
                                          diferente.
          Invento em certos momentos
             vícios pra me consumir
              Nunca é o bastante
 O pouco não sei conduzir
          E sempre me despeço
                sempre me disperso
                            me desinteresso
                                       Do resto,
                   ah, nunca soube do resto.
               As pessoas, meus vídeos
       minhas fotos, meus arquivos
     meus sapatos, meus livros,
                todos me arrebatam,
           me encantam, me divinam.
         E se tornam pedras preciosas
                                no esquecimento.
 Esse é o destino de todos os meus vícios
                                      Ser o 'não-ser'
                  Queria eu ser só um vício
                viver o fim e não o início.
       Saber o gosto de degenerar,
        sumir, se perder, definhar.
                Porque o fim é infinito,
    torna tudo mais belo, mais digno
O último sopro tem sempre mais sentido
                                     É uma angustia boa
                           Querer preencher os pulmões
                          Se agarrar ao último fiapo de vida
                                          No limite a vida faz sentido.

Luna Pla♀ha

1.2.11

Lithium

Abismo,
me atiro.
 
Risco,
corro

Medo,
tenho

Amor,
proponho

Vida,
sonho



E se...
tamanhas possíbilidades.
Se..., se acontecer.
São duas exigências:
Liberdade/Lealdade 


Luna Pla♀ha