29.8.08


Desculpem, não postarei hoje, irei prestigiar uma amigo querido. Clé, estou torcendo para que seu filme vença o festival.


Luna Pla♀ha

28.8.08

Amizade




Na faculdade minhas melhores amigas eram: Tiara, Josilaine e Fabiana. Elas são incríveis, companheiras, amigas leais e sinceras. Cada uma tinha uma característica muito marcante em sua personalidade.
Tiara era solta, desenvolta, sem pudor e sem vergonha, talvez por acreditar que a vida seria breve, ela queria antecipar todas as suas emoções, e como ouvintes atenciosas e curiosas nós viviamos com ela suas histórias de luxúria e prazer. Ti, parecia viver para os prazeres carnais, nos contava sobre suas noitadas, das boates lotadas e das experiências de todo tipo, principalmente das homosexuais, cada curva dos corpos dos deuses e deusas gregas que tocava era minunciosamente detalhada, beijos, carícias, sexo, nada lhe faltou..., Ti desejava e realizava. Com ela eu aprendi que desejar é normal, que não existe vulgaridade, nem hora, nem posição, tudo é permido porque o prazer é um dos principais ingredientes no tempero humano, anormalidade seria privar-se dele.


Josi era brilhante, inteligentíssima e astuta, pernanbucana arretada, com ela não tinha eufemismos, "era na lata". Apaixonada pela arte, Josi dançava, interpretava, escrevia e amava em demasia. Era louca por tudo o que fazia. Das amigas foi a que mais sofreu transformação, sua metamorfose se deu aos poucos, no início era platônica, sonhadora e acreditava em príncipes e cavalos branco, mais as coisas foram mudando, a maturidade foi chegando, e numa dessas saidas ela vestiu a fantasia e escolheu que no conto de fadas ela queria ser a bruxa , decretou o fim da sua fase "malhação", e descobriu que novela boa passava depois das 10h, o horário que permite sacanagem, deixou Platão pra ser amante de Nietzsche, e com o niilismo destruiu a redoma que a envolvia e passou a edificar novos valores, deixou tudo, menos a arte, razão de seu viver. Com ela aprendi dizer "não", voltava mais leve para casa depois dos nossos longos papos, sobre nossas concepções, tivemos crises existenciais juntas, e ela me mostrou como é seguir em frente lado-a-lado.


Minha querida Fabi era a mais louca de todas nós, ela estava descobrindo sua sexualidade, ela tinha medo, muitos medos, mais era linda na sua ingenuidade e sincera demais, ela dizia para quem quizesse o que estava com vontade, discutimos muitas vezes por conta disso, mas com o tempo passei a respeitá-la e compreendê-la. Engraçada, doida, neorótica, maluca e irresistível. Seu grande dilema era estar atada a uma instituição repressora, que não lhe permitia ser quem era, conosco ela estava de cara limpa, sem as vestes de palhaço que feriam seu verdadeiro eu. Nós a amamos, porque conosco ela era livre e nos ensinava o valor da liberdade, via seus olhos brilharem por estarmos a seu lado. Fabi me ensinou a valorizar os instantes.


Elas foram minha sustentação, cada qual com suas peculiaridades, com suas histórias individuais, que juntas formaram a trama mais forte, bela e apaixonante que conheci.




Te amo, Ti, Josi e Fabi, vocês são muito especiais.




Luna Pla♀ha

27.8.08


Pensamento do Dia: "Não preserve apenas o meio ambiente e sim todo ele." (Pérolas do Enem)


Gente, acordar todos os dias 5:50 da manhã é complicado, despertador é um saco, só tem musiquinha chata no celular, apesar que qualquer coisa antes das 10 da manhã é uma m....., acho que nem se eu acordasse com um go-go boy fazendo um super show eu me animaria (não é, Vera). Tenho essa filosofia desde a faculdade, "se você tem algo pra fazer, faça depois das 10", nunca ia para o bar antes das 10, porque nesse horário, só os alcolatras, eu esperava religiosamente, 10:00h, relógio zerado, compromisso marcado, depois do barzinho Kant ficava hilário. Infelizmente a vida não espera até as 10 e nem o patrão. Meu chuveiro tem vontade própria, um dia esquenta demais, outros nem tanto e as vezes ele se nega a esquentar, nessas horas me pergunto, porque não fiz psicologia? Pelo menos, nos momentos de crise eu reuniria os neorônios e faria uma terapia em grupo.

Minha mãe acorda ligada no 220V, ela fala o tempo inteiro, fala sozinha, fala com as coisas, fala até com a sombra dela, nessas horas eu lembro da célebre frase de uma tia minha "Você quer quanto?", Pra que? "Pra ficar caladinho, pra brincar de a vaca lambeu, comeu, mordeu, sei lá."
Quando não tem outro jeito, vou trabalhar de ônibus, que fique bem claro, não tenho nada contra os coletivos, acho até a idéia politicamente correta por conta da degradação ambiental, mais aquela lata quadrada as 6 da matina, abarrotada de estudante, um empurra-empurra, um motorista frustrado, que queria correr a fórmula 1 e não foi capaz, descontando no povo que tem que trabalhar ou estudar, ele corre como um louco, eu vou ficando verde, rosa, azul, amarela, meu estômago vai embrulhando e quando chego no destino ele já esta num pacotinho pronto para presente.

Vou pra escola, vejo os anjinhos, chega 10hs e o meu intervalo, alguém aparece com o pensamento do dia, essa frase tocante no cabeçalho desse papo, fiquei chocada com esse ser, veja bem, é de uma genialidade bestial esse quadrúpede, claro porque tudo o que é meio, vem pela metade, uau, e tudo o que é inteiro, pela metade não está, raciocínio lógico e brilhante, sem falácias, Aristóteles morreria de inveja.

Pessoal nem consigo comentar, está além das possibilidades à mim conferidas, só avisem ao Green Peace para que façam suas campanhas por "inteiro" e não pelo "meio ambiente", porque a parte que sobra também merece cuidado.


Luna Pla♀ha

26.8.08

Ser Mulher



Todos os dias ao despertar travo uma luta com o agodão fino e suave que insiste em me prender, me enlaçar e envolver em suas tramas suaves, nitidas e bem desenhadas. E num esforço vital, os olhos cerrados, tímidos e fracos aos poucos violados permitem que a luz tênue lhe acaricie.

O grande astro, imenso, imponente e dourado lá fora ruge, inundando o resquício de trevas do que outrora fora o leito de um corpo inerte. E é quando seus braços e seus imensos tentáculos adentram pela janela, recém aberta e com a permissão de seu dono, que me questiono quanto as escolha que fiz e que fizeram para mim.

Cansei de ouvir falar sobre a complexidade do ser feminino, quase sempre essa abordagem é feita por um menino, é certo que as diferenças entre esses universos antagônicos vão além de uma coincidência silábica, mas hoje não é dia de falar de mulheres e de meninos.

Penso todos os dias, no executar da minha rotina como seria a vida das mulheres que me antecederam. Minha bisavó tinha sua vida regrada, era submissa e amou um marido que não queria, foi escolhida, mas não pode escolher, teve tantos filhos quanto o marido quis, e nas suas fotos amareladas, por conta do tempo que nada poupa, há um sorriso apagado, um corpo ereto forçado a enfrentar o que a vida lhe reservou. Minha avó não quis o mesmo destino, mas quando se viu com seus quase 10 filhos, não teve jeito, nas suas contas foram mais de três maridos. As filhas dela estavam libertas, a alforria foi decretada, já era possível casar por amor.

Minha mãe casou-se tarde, talvez por amor ou desespero, porque as amigas já estavam compromissadas e não queria ser conhecida como aquela que não foi escolhida, ou no popular, aquela que tem vocação para ser "tia".

O olhar da minha bisavó manifestava o desejo de não estar no leito de um homem que não escolheu, ela não pediu para ser escolhida, pouco depois as mulheres da época de minha mãe, ela e suas jovens amigas temiam não ser escolhida por homem algum. O que na concepção de uma época era sorte, de outra era infortúnio.

Acordo todos os dias com o peso das escolhas que essas mulheres distintas fizeram para mim. Trago nas mãos a liberdade, presente das gerações que me antecederam, posso fazer o que quizer com meu corpo, minha imagem, meus sentimento, por causa delas hoje o leito não é mais deles, é meu, e posso deitar nele quantos homens desejar, hoje o ventre não é mais deles, e posso ter tantos filhos quanto quizer.

Quando cerro os olhos e o astro-rei deu lugar a bela, solitária e prateada lua, me lembro dessas mulheres e de muitas mais que mudam a história diariamente e que desesperadas ou não, possuem algo de que partilham, mesmo sem escolha _"fazem tudo com e por amor".

Inauguração, by Luna


Há tanto o que se dizer na vida, há poucos que queiram escutar. As enfermidades de uma época se traduzem no olhar de idiotas, sendo que a última palavra não fora usada em sentido metafórico, mas no seu eu etmilógico, na transparência do olhar daquele que tem olhos voltados para si. Escrevo para o mundo e escrevo para mim..., na verdade escrevo porque ninguém quer ouvir. Alugar o ouvido alheio, só com hora marcada, numa sala fechada, e dentro da penumbra a voz soa, e ecoa num vazio sem fim, você cumpre o horário, paga os honorários, adentra a calçada, o mundo te engole e você descobre que está entalado com os mesmos problemas, voltaram os dilemas e você deve seguir.
Mas seguir para onde?
A sensação que se tem é de andar em circulos, as vezes bolinhas pequenas, miúdas, outrora bolotas imensas, grandes circunferências que depois do "360" é um grande e imenso "0" que se apresenta.
O ouvido parece um menbro esquisito, todo curvado, todo torcido prestes a se atrofiar, em nossa época para soltar os bichos, prozac natural e anti-depressivo, para não enlouquecer e desestressar, tem que teclar.